sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Sinal de Reinaldo

A entrevista do ex-governador José Reinaldo (PSB), ontem, a Chico Viana, deu um recado importante. Ao ser questionado sobre a sucessão municipal, Reinaldo disse que o comando das articulações deve ser do governador Jackson Lago (PDT), colocando o prefeito pedetista Tadeu Palácio como coadjuvante. "O principal eleitor é o governador", frisou.
Ao secundarizar o prefeito na condução de sua própria sucessão, Reinaldo dá uma dica: Palácio pode ser o plano "B" do grupo Sarney.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Agenda petista

O novo Diretório Municipal do PT de São Luís toma posse amanhã 29, às 19 horas, no auditório do Sindicato dos Bancários. Estarão presentes representantes dos partidos do campo democrático que fazem parte da base do governo federal, integrantes dos movimentos sociais, entidades sindicais e parceiros das lutas populares. O presidente do Diretório Municipal, engenheiro Fernando Magalhães, vai coordenar o ato de posse ressaltando a expressiva votação obtida no Processo de Eleições Diretas (PED). “O novo diretório municipal quer celebrar com toda a base do partido em São Luís a festa da democracia e da luta para construir um país melhor e uma sociedade mais justa, através da política e da participação popular nas lutas cotidianas”, ressaltou o presidente Fernando Magalhães.
O secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime, vai participar da posse. Na ocasião serão apresentados aos filiados e à sociedade os nomes dos pré-candidatos do PT à Prefeitura de São Luís nas próximas eleições.
Pré-candidatos
A tendência Articulação "Unidade na Luta", alinhada à corrente "Construindo um Novo Brasil" (CNB), tem como pré-candidatos à Prefeitura de São Luis Ed Wilson Araújo, Kleber Gomes e Raimundo Monteiro. O assessor especial do governo Jackson Lago, Bira do Pindaré, também é pré-candidato.
Diferença
Na posse do presidente Fernando Magalhães no Diretório Municipal do PT os tucanos não foram convidados, ao contrário dos eventos da direção estadual, quando o PSDB é a estrela principal e o PT vira coadjuvante.
Coletiva com Gleber Naime
O secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime, concederá entrevista coletiva nesta sexta-feira, às 16 horas, na sede do Sindsep.
Naime vai apresentar as diretrizes da 3ª Conferência Nacional de Comunicação do PT, que será realizada nos dias 24 e 25 de abril, em Brasília, precedida de plenárias estaduais. A comunicação do PT com a sociedade, a definição de políticas públicas para a democratização das comunicações e as estratégicas para as eleições municipais de 2008 serão os principais temas da 3ª Conferência.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

WALTER RODRIGUES SAÚDA O BLOGUE

O jornalista Walter Rodrigues fez uma saudação ao blogue. Veja abaixo.
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Blogue do Ed Wilson
Saúdo com alegria o advento do blogue do companheiro Ed Wilson, que aliás se chama blogue mesmo, como o Colunão e poucos mais, e não blog.Além da amizade que muito prezo, vejo nele um exemplo de jornalista e cidadão sério e dedicado ao trabalho, apesar de leve e bem-humorado, apreciador do bom e do belo e avesso ao maria-vai-com-as-outras e ao maria-vai-com-quem-paga, tão difundidos entre nós.
Um de seus primeiros textos é tão bem feito quanto polêmico. Não polêmica gratuita, mas aquela resultante da reflexão que pode ser contestada, mas nunca será anulada com patadas ou mexericos — recursos usuais no mundo e submundo da política maranhense.
Trata do maniqueísmo oportunista que procura justificar os piores cometimentos político-administrativos erguendo a bandeira furta-cor do anti-sarneísmo. Isso não tem servido apenas para prolongar, mas, em muitos aspectos, até para radicalizar o que já era ruim, como no nepotismo, na manipulação das consciências e na boa e velha gatunagem.
Paro aqui para reproduzir passagens do artigo de Ed Wilson, jornalista e professor da UFMA e possível candidato a prefeito de São Luís pelo Partido dos Trabalhadores:“José Reinaldo aprendeu com Sarney e passou a Jackson Lago o segredo da magia capaz de hipnotizar e converter rapidamente a maioria dos parlamentares.
Foi assim que o candidato a deputado Edvaldo Holanda (PTC), eleitor de Roseana Sarney, rapidamente transformou-se em líder do governo Jackson na Assembléia Legislativa (AL).” “Mas não foi só a tecnologia de sedução do parlamento que Jackson herdou do sarneísmo. A “Libertação” radicalizou quase todos os métodos do sistema oligárquico dos “40 anos de atraso”, como diz o surrado chavão.
Corrupção, nepotismo, fisiologismo, secretariado predominantemente de direita, intransigência nas negociações com os movimentos sociais, falta de transparência na aplicação dos gastos públicos e tantas outras marcas da oligarquia ganham terreno rapidamente.”“O Maranhão passa por um processo de transgenia ideológica.
O governo que se propunha acabar com a oligarquia constituiu uma força à direita do sarneísmo.É preciso, portanto, superar essa falsa dicotomia de que os tucano-pedetistas com apoio de uma ala do PT sintetizam o bem em luta contra o mal (Sarney e os verdadeiros aliados do governo Lula no Maranhão).
“A vitória de Jackson foi fruto de uma concepção de político-eleitoral tão mercadológica quanto a vitória de Roseana sobre Cafeteira em 1994, só para ficar nesse exemplo. Portanto, a oligarquia e a “Libertação” compõem a mesma moeda do negócio da política. Esses dois grupos não se distingüem também sobre um projeto de desenvolvimento para o Maranhão. O que há de novo além do surrado chavão jackista dos “40 anos de atraso”? “O Maranhão ainda está amarrado à lógica modernizadora da monocultura de soja e do corredor de escoamento minero-metalúrgico. Precisa sair da modernização conservadora e dos enclaves econômicos para dar um salto rumo ao desenvolvimento.Essa tarefa cabe a novos protagonistas.”

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Reinaldo volta à cena

O ex-governador José Reinaldo (PSB) voltou ao cenário eleitoral de 2008, ensaiando uma pré-candidatura a prefeito de São Luís. O balão de ensaio de Reinaldo visa na verdade influenciar na eleição do novo presidente da Assembléia Legislativa (AL). Ele quer o sobrinho, Marcelo Tavares, presidindo a Casa.
É pouco provável a candidatura do ex-governador à Prefeitura, porque tanto ele quanto Jackson Lago (PDT) temem que a denúncia do STF sobre a Operação Navalha caia como uma bomba no decorrer da campanha. Reinaldo, no fundo, quer Marcelo Tavares na presidência da AL.
Recado
Bastou José Reinaldo ensaiar a candidatura a prefeito e o Jornal Pequeno (JP) começou a desacreditar a já embalada pré-candidatura do deputado federal Flávio Dino (PC do B). Domingo, o JP chegou a dizer que o projeto de Dino é uma "aventura" semelhante à do deputado Domingos Dutra (PT), em 1996, quando deixou o mandato na Câmara para ser vice-prefeito de Jackson.
Até então, Dino era bem acolhido no Jornal Pequeno. Agora, é aventureiro.

Rocha não perdoa Lago

Em seu artigo dominical no Jornal Pequeno, 24/02, o deputado federal Roberto Rocha (PSDB) defende a gestão do diretor da Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão (Caema), Rubem Brito, ex-deputado estadual do PDT. Rocha diz que os problemas da Caema são fruto da precariedade do Italuís, da rede de distribuição que leva ao desperdício e do elevado volume de investimentos necessários para ter a oferta ideal de água à população.
Ao enfatizar a defesa de Brito, Rocha não deixa escapar a gestão do seu correligionário Aderson Lago (PSDB), ex-diretor da companhia no governo Cafeteira. Vejamos:
"...atribuir ao presidente da Caema, engenheiro Rubem Brito, a culpa pelas deficiências crônicas do sistema e da empresa é algo realmente absurdo, é ignorar todo um histórico de deficiências da Caema, ao longo de décadas, como da política de saneamento no pais."
Na seqüência, o artigo direciona os problemas à administração dos "novos baianos", "funesta invenção do sr. Jorge Murad", assegurando que o governo Roseana entregou o saneamento do Estado às empreiteiras OAS e Gautama.
Por mais que a Libertação tente diferenciar-se da Oligarquia, não há como negar que o DNA daquela foi copiado desta. Simplesmente porque, sempre que qualquer libertador fizer referência ao chavão "40 anos de atraso", é inescapável incluir na oligarquia Luiz Rocha, João Castelo, Cafeteira, Zé Reinaldo, Aderson Lago e o próprio Jackson Lago, que em 2000 tomou champanhe com Roseana para brindar a vitória da parceria pedetista-sarneísta na eleição para a Prefeitura de São Luís.

Lula investe nos grotões

A região dos Cocais é a primeira do Maranhão a ser contemplada com o programa do governo federal "Territórios da Cidadania". O lançamento ocorreu hoje pela manhã, em Brasília, simultânea à implantação nos estados. No Maranhão, a cidade de Caxias sediou a solenidade. A partir de amanhã os integrantes do Colegiado Territorial dos Cocais começam a definir o plano de trabalho e o calendário de ações.
Os "Territórios da Cidadania" vão estimular o desenvolvimento regional sustentável, integrando os governos federal, estaduais e municipais. Mas a maior parte dos recursos vem do governo federal. Nos Cocais serão investidos R$ 468,6 milhões para 17 municípios em 2008, nas atividades produtivas e de infra-estrutura, assistência técnica, distribuição de renda e acesso a direitos básicos para agricultores, comunidades quilombolas e pescadores.
Ao todo, 15 ministérios do governo federal estão articulados em projetos que envolvem o Pronaf, Luz para Todos, Bolsa Família, Saúde da Família, Farmácia Popular e Brasil Sorridente. O delegado federal do Desenvolvimento Agrário no Maranhão, Inacio Sodré Rodrigues, afirma que os Territórios ampliam os recursos e a concepção do governo Lula de investir na área rural não só com assistencialismo, mas proporcionando as condições de emancipação das comunidades através da atividade produtiva.
Além do território Cocais, o Maranhão terá mais quatro áreas contempladas: Baixo Parnaíba, Lençóis, Minim e Vale do Itapecuru. No Brasil são 60 territórios na primeira etapa, onde serão investidos R$ 11,3 bilhões.

Posse no PT municipal

Será realizada dia 29 de fevereiro (sexta-feira), às 19 horas, no auditório do Sindicato dos Bancários, a posse do presidente eleito Fernando Magalhães e do novo Diretório Municipal do PT. Estão convidados os petistas e simpatizantes, movimentos sociais e os partidos do campo democrático-popular.
"Os petistas de São Luís querem celebrar com todos a festa da democracia e da perseverança em construir um mundo melhor, através da política, da participação popular e da luta cotidiana da sociedade, pois também estamos comemorando 28 anos de fundação do PT", assinala o convite da posse.

Bocão, o jornalista

Alexsandro Rocha da Silva (esquerda), o Bocão, é morador de rua em Porto Alegre (RS). A gente se encontrou por acaso, na Cidade Baixa, região boêmia da capital gaúcha. Fui atraído pelo título do jornal que ele oferecia de mesa em mesa: “Boca de Rua”.
Os textos, fotos e ilustrações do “Boca de Rua” são produzidos pelos próprios sem teto, supervisionados pela Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação (Alice).
A impressão é feita na Gráfica Zero Hora, após a edição da jornalista Rosina Duarte.
Cada integrante recebe uma cota de jornais para vender e realimentar as outras produções. Conversei longamente com Bocão. Ele contou sua história de vida sofrida e seus sonhos. Fechamos o papo quando ele, emocionado, disse que a maior alegria da sua vida é ser reconhecido como jornalista.
Animado, canta hap e cuida melhor da saúde. Já tem algumas músicas gravadas, mas quer produzir um CD. Vida longa, Bocão!

domingo, 24 de fevereiro de 2008

IMPERATRIZ: O PT NA ENCRUZILHADA

Publicado no jornal "O Progresso" de hoje
“Não existe diferença entre o PSDB e o PT no Maranhão”. Esta frase, pinçada de uma entrevista do deputado federal Sebastião Madeira (PSDB), no jornal O PROGRESSO, sintetiza a lógica da formação de uma eventual frente anti-Ildon Marques (PMDB) em Imperatriz. Sem o apoio petista, Madeira dificilmente levará adiante o projeto de sua candidatura. Porque não há como desconsiderar, na formação da frente, o peso eleitoral e simbólico do ex-prefeito Jomar Fernandes (PT).
O reforço à tese de Madeira veio em artigo assinado pelo secretário geral do PSDB, Célio Louza Cruz, ao afirmar que a costura da eventual frente é comandada “por ninguém, na medida em que ninguém pode arvorar-se proprietário de uma coalizão, e todos, na medida em que, legitimamente, todos podem e devem se sentir co-partícipes de uma bela, arrojada e edificante jornada como essa.” (O PROGRESSO, 20/01/2008).
Mas o jogo de palavras de Célio Cruz, com o propósito de atrair ou neutralizar potenciais correligionários políticos, não consegue disfarçar que o comando da frente será mesmo do PSDB, tendo Madeira como timoneiro da nau libertária tocantina. E está denunciado no título do artigo: “O PSDB, como sempre, vai no rumo certo.” Seus afagos nos egos de todos (e de ninguém!) visam atenuar o impacto de um outro artigo, assinado pelo ex-presidente municipal do PT, escritor e historiador Adalberto Franklin, no qual acentua que o partido não tem acordo formado com nenhum nome ou legenda, mas está aberto ao diálogo. Porém, os petistas nunca abriram mão de apresentar candidatura própria.
Do soneto de Adalberto Franklin à emenda de Célio Cruz, a feitura de uma coalizão tucano-petista contra Ildon Marques parece cada vez mais distante. Basta observar os antecedentes. A pretexto de fazer uma confraternização no final do ano passado, Sebastião Madeira lançou sua pré-candidatura reunindo as principais lideranças políticas da Frente de Libertação do Maranhão.
Estavam no palanque o governador Jackson Lago (PDT), o ex-governador José Reinaldo (PSB), deputados federais e estaduais tucanos e assemelhados, o deputado federal Flavio Dino (PC do B), vereadores, lideranças comunitárias e tantos outros afinados com o projeto de Madeira prefeito.
E quais foram as ausências mais sentidas? Justamente as preferidas para compor a chapa encabeçada por Madeira: Jomar e Teresinha Fernandes. Há uma sintonia entre essas ausências e o miolo do artigo de Franklin: “A priori, a direção do partido tem se posicionado no propósito de apresentar candidatura própria, embora possa participar de uma possível ‘frente’...” Eis a encruzilhada petista.
E quem está em uma encruzilhada tem de tomar posição, escolher um caminho. Para fazer essa opção, o PT precisa analisar vários movimentos na cena política local e nacional. A começar das orientações de Brasília. As eleições de 2008 funcionarão como prévias para a sucessão do presidente Lula. Imperatriz é uma cidade estratégica. Madeira tem três mandatos de deputado federal. Não é um tucano qualquer. Foi presidente do Instituto Teotônio Vilela – a corte da intelectualidade neoliberal de inspiração paulista e submissa ao imperialismo. Tucanos e petistas são arqui-rivais no plano nacional.
Além de analisar, vale perguntar: Lula viria novamente a Imperatriz, dessa vez para apoiar um candidato tucano com um(a) petista vice? Depois de observar e perguntar, o PT precisa confiar desconfiando. Madeira reúne boas condições para a disputa, principalmente pelo fato de ter a máquina do governo Jackson Lago a seu favor. Mas quem garante que, eleito, o tucano vai contemplar os interesses petistas?
E, por fim, perceber que existem outras opções além do horizonte tucano e da candidatura própria petista. A Frente de Esquerda articulada pelo PC do B, PSB, PCB e PDT parece ser mais afinada com o bloco de forças políticas do campo democrático-popular, onde o PT tem discurso, militância e bases consolidadas. Jomar Fernandes, fiel integrante da Articulação de Esquerda, tendência marxista do petismo, vai ponderar esses ingredientes no caldo político da sua vida. Na encruzilhada, olhando o trem da História passar, é que não dá para ficar.

Diversidade em São José de Ribamar

A disputa política em São José de Ribamar flui democraticamente pelas ondas do rádio. Refiro-me à emissora Comunitária Tropical FM, 104,5Mhz, coordenada pelo perseverante José de Jesus. Recentemente, a rádio veiculou um comentário crítico do prefeito Luís Fernando Silva (DEM) ao seu eventual adversário na eleição de 2008, Julinho Matos (PDT).
A rádio recebe verbas publicitárias da Prefeitura, mas prontamente acatou a réplica de Julinho Matos, atendendo ao interesse público e às regras básicas do contraditório no jornalismo.
Ideal agora seria fazer um debate entre os dois, pautado nas idéias e projetos para o desenvolvimento da cidade.
A Tropical já sofreu lacres, apreensão de equipamentos e ameaças diversas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e da Polícia Federal, com base em ordens judiciais. São raros os casos em que o Judiciário Federal concede liminares enquanto as emissoras comunitárias batalham pelas autorizações no Ministério das Comunicações. Alguns processos demoram 10 anos.
De Jesus já recebeu uma nova visita da Anatel, mas já está tão acostumado e "escolarizado" no assunto que enfrentou os fiscais na argumentação forte.
Por enquanto, contrariando o ditado popular, a Tropical FM faz milagre na terra do santo mais famoso do Maranhão.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Verso:

Medo
cidade pós-moderna
homem da caverna
(Ed Wilson)
Prosa:
“Não existe diferença entre o PSDB e o PT no Maranhão.”
Do deputado federal tucano Sebastião Madeira, seduzindo o ex-prefeito de Imperatriz, Jomar Fernandes (PT), para compor chapa em 2008. Madeira quer um vice petista.

Cerco a Requião

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), uma espécie de Chávez brasileiro, enfrenta o cerco pesado da direita. O maior golpe veio com a recente decisão da Justiça Federal, estabelecendo censura prévia ao governador nos programas da Rádio e Televisão Educativa do Paraná. Requião está proibido de emitir opiniões na programação da emissora, mas já recorreu.
O governador enfrenta a direita e a mídia sojeira. Só consegue divulgar as ações de interesse público na TV Educativa paranaense. Ele assegura que a decisão judicial é ideológica, vinculada aos setores reacionários que não toleram seu viés progressista.
Coragem
Requião enumera suas razões: recuperou a companhia elétrica (Copel), na qual disse ter investido 2 bilhões e 500 milhões de reais, colocando as tarifas de energia elétrica do Paraná entre as menores do país; reestruturou o Porto de Paranaguá, em vez de privatizá-lo; declarou guerra aos pedágios e às empresas controladoras das estradas privatizadas; rejeitou a invasão de cultivo transgênico nas fazendas do Paraná etc.
Tucanagem
Enquanto o peemedebista Roberto Requião reforça o setor público no Paraná, o governador tucano José Serra tenta passar o trator para privatizar a Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Em SP, ninguém censura Serra.
Prosa:
“O governo Jackson construiu 101 escolas de Ensino Médio em 2007. Todas são de primeiro mundo”
(Do secretário de Educação, Lourenço Vieira da Silva, em entrevista ao jornalista Chico Viana, dia 22/02 (sexta), na TV São Luís.

Conferência Mundial de Cidades

Participei da Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento de Cidades. O evento reuniu cerca de 7 mil pessoas, em Porto Alegre, de 13 a 16 de fevereiro. Representantes de 1039 cidades de 52 países interagiram sobre projetos de desenvolvimento sustentável local para os centros urbanos.
A estrela do orçamento participativo (OP) brilhou durante os debates. Ainda é o grande projeto político que coloca Porto Alegre e outras cidades do Brasil entre as experiências mais exitosas de gestão participativa.
Cooperação
Ao OP soma-se a “governança solidária local” – forma de administrar que articula parcerias entre o poder público, organizações da sociedade civil, setor privado e comunidades. Dá certo. Basta caminhar em Porto Alegre, conversar e vasculhar os indicadores de qualidade de vida.
A conferência teve 554 painéis de debates, oficinas e minicursos durante os quatro dias. Estatuto das Cidades e plano diretor também foram temas em destaque, assim como o tratamento dos resíduos sólidos, projetos de coleta seletiva de lixo e educação ambiental.
Global e local
Predominou nos debates a tese do desenvolvimento local sustentável possível/viável diante do mundo globalizado. As cidades empoderam-se através da democracia participativa para enfrentar a lógica do neoliberalismo como concepção única de urbanidade.
Em resumo, voltei da conferência com duas sensações:
- Entusiasmo ao saber de tantas experiências e projetos dando certo Brasil afora e que podem ser simplesmente copiadas ou adaptadas e incrementadas para outros locais;
- Decepção de viver em São Luís governada há 20 anos pela mesma oligarquia sem um salto de qualidade político e administrativo (não há sequer um parque decente na cidade);
Em Porto Alegre o PT perdeu o governo, mas o sucessor José Fogaça (PMDB) mantém os compromissos da democracia participativa na sua gestão. Quando a experiência do OP começou a ser implantada em São Luís, em 1996, através do então vice-prefeito Domingos Dutra (PT), o prefeito Jackson Lago (PDT) lavou as mãos. O OP tem muita plenária, fiscalização e licitação....coisas que Jackson detesta.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Castelo de areia

Parece não ter sustentação a candidatura de João Castelo (PSDB) à Prefeitura de São Luís. As oligarquias municipal e estadual tendem a fechar com um só nome, Clodomir Paz (PDT), evitando o risco de pulverizar candidatos e levar a disputa para o segundo turno. Castelo só seria candidato se tivesse pelo menos o apoio de uma das máquinas.
O tucano tem tradição de derrota em disputas majoritárias. Começa no teto e tende a cair nas pesquisas. Seu eleitorado fixo só garante mandato de deputado federal.
Castelo foi candidato ao Senado em 2006, tendo como primeira suplente a esposa do prefeito, Tati Palácio. A primeira dama seria efetivada caso o plano de eleger Castelo senador desse certo. Faltou combinar com o eleitorado e agora o prefeito lavou as mãos.
Ex-governador da ditadura militar, apoiado por Sarney, Castelo é diretor da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), poderosa e milionária gestora do Porto do Itaqui. Tudo indica que o pretenso candidato vai ficar a ver navios ou contemplar o mar na beira da praia, esperando uma onda forte desmoronar seu sonho de vir a ser prefeito de São Luís.

OLIGARQUIA & LIBERTAÇÃO: duas faces do negócio da política

Editorial
OLIGARQUIA & LIBERTAÇÃO: duas faces do negócio da política

Uma sombra ronda a disputa de poder no Maranhão: o maniqueísmo. Desde as eleições de 2006, os tucanos cunharam a luta do bem contra o mal nos pleitos à Presidência da República e ao Governo do Estado, respectivamente. O primeiro bloco representado por Geraldo Alckmin (PSDB) e Jackson Lago (PDT). O segundo materializado em Lula (PT) e Roseana Sarney (então PFL).
Sob a retórica de “libertar” o Maranhão, a frente que levou à vitória de Jackson Lago reuniu sarneístas e ex-sarneístas, a direita tucana anti-Lula, alguns democratas e uma parte do PT liderada pelo presidente do diretório regional Domingos Dutra, eleito deputado federal.
Operação
A dita retórica mobilizou os dois grandes colégios eleitorais de São Luís e Imperatriz. Na ilha, ressuscitou-se a mística e a tendência do eleitorado de rejeição ao grupo Sarney. Na principal cidade da região tocantina, a falta de um candidato a vice-governador nativo na chapa de Roseana incitou uma onda regionalista e separatista, dando uma votação esmagadora a Jackson. Fora desses dois colégios eleitorais, o Maranhão inteiro sabe como o governador José Reinaldo (PSB) operou a eleição do seu sucessor.
Toda a base parlamentar historicamente sarneísta rapidamente aderiu à tese da “Libertação”. José Reinaldo aprendeu com Sarney e passou a Jackson Lago o segredo da magia capaz de hipnotizar e converter rapidamente a maioria dos parlamentares.
Foi assim que o candidato a deputado Edvaldo Holanda (PTC), eleitor de Roseana Sarney, rapidamente transformou-se em líder do governo Jackson na Assembléia Legislativa (AL). O sarneísta histórico João Evangelista (PSDB) passou por longos processos de “convencimento ideológico” para finalmente aderir à Libertação do Maranhão e presidir a AL.
Jackson radicalizou
Mas não foi só a tecnologia de sedução do parlamento que Jackson herdou do sarneísmo. A “Libertação” radicalizou quase todos os métodos do sistema oligárquico dos “40 anos de atraso”, como diz o surrado chavão. Corrupção, nepotismo, fisiologismo, secretariado predominantemente de direita, intransigência nas negociações com os movimentos sociais, falta de transparência na aplicação dos gastos públicos e tantas outras marcas da oligarquia ganham terreno rapidamente.
Toda essa biodiversidade política no Maranhão é hegemonizada pelo PSDB e seu aparelho midiático, cujo principal objetivo é combater o governo Lula sem tréguas. Entre a omissão e o constrangimento, a ala petista no governo silencia sobre as críticas para não prejudicar a governabilidade. Assim, as relações entre tucanos e petistas compõem desde dobradinhas eleitorais até elogios mútuos: “Castelo agora é Dutra e Dutra é Castelo”, proclamou o ex-candidato a senador pelo PSDB, João Castelo, na posse do diretório estadual petista em dezembro de 2005.
Transgênicos
O Maranhão passa por um processo de transgenia ideológica. O governo que se propunha acabar com a oligarquia constituiu uma força à direita do sarneísmo.
É preciso, portanto, superar essa falsa dicotomia de que os tucano-pedetistas com apoio de uma ala do PT sintetizam o bem em luta contra o mal (Sarney e os verdadeiros aliados do governo Lula no Maranhão).
A vitória de Jackson foi fruto de uma concepção de político-eleitoral tão mercadológica quanto a vitória de Roseana sobre Cafeteira em 1994, só para ficar nesse exemplo. Portanto, a oligarquia e a “Libertação” compõem a mesma moeda do negócio da política. Esses dois grupos não se distingüem também sobre um projeto de desenvolvimento para o Maranhão. O que há de novo além do surrado chavão jackista dos “40 anos de atraso”?
Cadê o projeto?
Quais as diretrizes econômicas para alavancar a agricultura, a infra-estrutura, o turismo, o comércio, o parque industrial etc? Se existem, estão guardadas a sete chaves nos relatórios das confrarias de planejamento.
O Maranhão ainda está amarrado à lógica modernizadora da monocultura de soja e do corredor de escoamento de minero-metalúrgico. Precisa sair da modernização conservadora e dos enclaves econômicos para dar um salto rumo ao desenvolvimento.
Essa tarefa cabe a novos protagonistas. As verdadeiras forças de esquerda do Maranhão precisam ir além do maniqueísmo tucano inspirado na Avenida Paulista.
Precisam colocar-se além do bem e do mal. Ir adiante das disputas eleitorais, elaborar um programa de governo viável, copiar experiências de sucesso, criar novas formas de alavancagem econômica, adaptando-as à realidade local; enfim, sair do pragmatismo eleitoral para práxis política plena.
O resto é só retórica que não ilude por muito tempo.