domingo, 24 de fevereiro de 2008

IMPERATRIZ: O PT NA ENCRUZILHADA

Publicado no jornal "O Progresso" de hoje
“Não existe diferença entre o PSDB e o PT no Maranhão”. Esta frase, pinçada de uma entrevista do deputado federal Sebastião Madeira (PSDB), no jornal O PROGRESSO, sintetiza a lógica da formação de uma eventual frente anti-Ildon Marques (PMDB) em Imperatriz. Sem o apoio petista, Madeira dificilmente levará adiante o projeto de sua candidatura. Porque não há como desconsiderar, na formação da frente, o peso eleitoral e simbólico do ex-prefeito Jomar Fernandes (PT).
O reforço à tese de Madeira veio em artigo assinado pelo secretário geral do PSDB, Célio Louza Cruz, ao afirmar que a costura da eventual frente é comandada “por ninguém, na medida em que ninguém pode arvorar-se proprietário de uma coalizão, e todos, na medida em que, legitimamente, todos podem e devem se sentir co-partícipes de uma bela, arrojada e edificante jornada como essa.” (O PROGRESSO, 20/01/2008).
Mas o jogo de palavras de Célio Cruz, com o propósito de atrair ou neutralizar potenciais correligionários políticos, não consegue disfarçar que o comando da frente será mesmo do PSDB, tendo Madeira como timoneiro da nau libertária tocantina. E está denunciado no título do artigo: “O PSDB, como sempre, vai no rumo certo.” Seus afagos nos egos de todos (e de ninguém!) visam atenuar o impacto de um outro artigo, assinado pelo ex-presidente municipal do PT, escritor e historiador Adalberto Franklin, no qual acentua que o partido não tem acordo formado com nenhum nome ou legenda, mas está aberto ao diálogo. Porém, os petistas nunca abriram mão de apresentar candidatura própria.
Do soneto de Adalberto Franklin à emenda de Célio Cruz, a feitura de uma coalizão tucano-petista contra Ildon Marques parece cada vez mais distante. Basta observar os antecedentes. A pretexto de fazer uma confraternização no final do ano passado, Sebastião Madeira lançou sua pré-candidatura reunindo as principais lideranças políticas da Frente de Libertação do Maranhão.
Estavam no palanque o governador Jackson Lago (PDT), o ex-governador José Reinaldo (PSB), deputados federais e estaduais tucanos e assemelhados, o deputado federal Flavio Dino (PC do B), vereadores, lideranças comunitárias e tantos outros afinados com o projeto de Madeira prefeito.
E quais foram as ausências mais sentidas? Justamente as preferidas para compor a chapa encabeçada por Madeira: Jomar e Teresinha Fernandes. Há uma sintonia entre essas ausências e o miolo do artigo de Franklin: “A priori, a direção do partido tem se posicionado no propósito de apresentar candidatura própria, embora possa participar de uma possível ‘frente’...” Eis a encruzilhada petista.
E quem está em uma encruzilhada tem de tomar posição, escolher um caminho. Para fazer essa opção, o PT precisa analisar vários movimentos na cena política local e nacional. A começar das orientações de Brasília. As eleições de 2008 funcionarão como prévias para a sucessão do presidente Lula. Imperatriz é uma cidade estratégica. Madeira tem três mandatos de deputado federal. Não é um tucano qualquer. Foi presidente do Instituto Teotônio Vilela – a corte da intelectualidade neoliberal de inspiração paulista e submissa ao imperialismo. Tucanos e petistas são arqui-rivais no plano nacional.
Além de analisar, vale perguntar: Lula viria novamente a Imperatriz, dessa vez para apoiar um candidato tucano com um(a) petista vice? Depois de observar e perguntar, o PT precisa confiar desconfiando. Madeira reúne boas condições para a disputa, principalmente pelo fato de ter a máquina do governo Jackson Lago a seu favor. Mas quem garante que, eleito, o tucano vai contemplar os interesses petistas?
E, por fim, perceber que existem outras opções além do horizonte tucano e da candidatura própria petista. A Frente de Esquerda articulada pelo PC do B, PSB, PCB e PDT parece ser mais afinada com o bloco de forças políticas do campo democrático-popular, onde o PT tem discurso, militância e bases consolidadas. Jomar Fernandes, fiel integrante da Articulação de Esquerda, tendência marxista do petismo, vai ponderar esses ingredientes no caldo político da sua vida. Na encruzilhada, olhando o trem da História passar, é que não dá para ficar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tudo certo, só não concordo quando o colega classifica Jomar de marxista. Tenha paciencia...Jomar só é de esquerda quando está fora do poder. Ademais aqui fez um governo de apaniguados, parentes e amigos.