sexta-feira, 7 de março de 2008

Uma música para as mulheres

Todos os dias somos bombardeados no rádio e na TV por uma infididade de músicas siamesas, a maioria depreciando a condição feminina. Os homens também não escapam. Adjetivos como “rapariga” e “raparigueiro” viraram lugar comum no dial. Do “tapinha não dói” ao “créu”, a mulher vai sendo discriminada maciçamente. Portanto, a minha homenagem ao Dia da Mulher vem com os versos de Pixinguinha e Otávio de Souza. A música, bastante conhecida, é “Rosa”. Parabéns pelo Dia Internacional da Mulher.

Rosa
Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer.

3 comentários:

Feministas ♂ = ♀ disse...

Engraçado que somos apenas lembradas durante esse dia...
Durante o restante do ano somos sofremos todo tipo de opressão dessa sociedade capitalista e nada é divulgado!

Anônimo disse...

Foste muito feliz em homenagear as companheirs com esta bela poesia de Pixiguinha. O que seria do mundo sem Ieda Batista, Helena Heley, Margarida Alves, e tantas outras companheiras que tem feito de seu dia-dia uma trincheira de luta contra opressaão femenina.

Ricardo-Pedreiras

Anônimo disse...

Caro Ed Wilsom e caríssimas mulheres:
Parabéns a você e a elas (nós), mas ainda avistamos um amplo horizonte a descortinar.
Abraços, Joanita